De Corpo e Arte - Uma série sobre quem tem a alma toda feita de arte!
“Pelas vielas da vida eu vagava, tentando me encontrar, mais me perdia
do que me achava, encontrava abrigo em porões escuros, minhas roupas estavam
sempre rasgadas por ratos, moscas varejeiras sobrevoavam a minha cabeça o tempo todo, o que
aguçava ainda mais os meus sentidos, e quanto mais eu procurava uma saída, mais
perdia a vontade de continuar a caminhada, porque o fim não justificava os
meios, e o destino não valia a pena todo aquele sacrifício”.
Essa frase poderia ser a
introdução de um livro qualquer, escondido em uma biblioteca qualquer,
encontrado por um leitor qualquer, com noção de interpretação qualquer, mas
poderia também ser a introdução de um livro especial, encontrado em uma
biblioteca especial, por um leitor especial, e cheio de imaginação, sedento pelo
que estava por vir nas próximas páginas. Essa frase faz parte de um capítulo longo da
minha vida, a parte em que a mim foi negado o direito de sonhar com arte, de
que roubaram de mim o que melhor eu podia entregar para o mundo, a parte em que
eu ouvi mais NÃO do que sim quando o assunto de interesse envolvia minha
intensidade e sensibilidade artística, essa frase me acompanhou pela infância, depois
pela adolescência e por grande parte da minha vida adulta, essa frase define
alguém que nasceu com alma feita de arte, mas que o sistema social em que foi
inserido se fez anular-se e acreditar que a felicidade e a satisfação pessoal está
condicionada em seguir regras acadêmicas e delimitar-se de modo a seguir um
padrão pré estabelecido através da análise de uma minoria (talvez) satisfeita
com o óbvio, alguém que já nasceu ouvindo que sucesso tem mais a ver com
dinheiro do que com paz de espírito e satisfação pessoal, alguém que resolveu
romper o pacto com todas essas regras e sair em busca de alinhar seus sentidos,
alguém que entende que amor à arte é mais do que apreciar pinturas em
exposições, que reconhece que existem pessoas que são movidas à amor e arte,
mas é mais arte que amor, é mais amor que arte, que não transpira, transborda,
porque mesmo sem ser um poema, é arte da cabeça aos pés.
Dessa busca, brotaram citações, citações humanizadas, inspirações vivenciadas,
pessoas que vem me mobilizando desde então, que já me inspiravam antes mesmo de
eu imergir nessa pesquisa, sobreviventes que resolveram desafiar as
estatísticas e que alternando entre arte terapia e empreendimento com arte, vem
conseguindo transferir o bem para o mundo através de sua expressão vocacional,
nasce aqui o “de Corpo e Arte”, uma série, sem data de finalização, narrando a
trajetória daqueles que nadando contra a corrente do sistema social de nosso país, resolveram pegar a
contramão das eventualidades e vem encarando a vida fazendo o que se ama e
amando o que se faz, porém, amando acima de tudo fazer arte. Uma série que verbaliza para o
mundo minhas impressões pessoais sobre quem vem me inspirando desde que
resolvi me abrir para meu verdadeiro universo, uma representação de quem realiza
mais que um manifesto, uma série sobre sobreviventes guerreiros, um discurso sobre quem entende que amor à arte está,
acima de qualquer coisa, no DNA da alma, de
quem sabe as dores e as alegrias de se nascer pura amor à arte.
Demorei um pouco para colocar a série
no mundo, mas existiam coisas que precisavam serem alinhadas desde então, não
que eu me sinta pronto pra começar, a gente nunca se sente, e depois de dois
meses após a primeira entrevista, dou prosseguimento às ações desse projeto,
que talvez não signifique muito para você, mas que representa a ressignificação
de uma vida pra mim, nem sempre eu conseguirei transferir toda a magistralidade
desses artistas para o texto, existem coisas que só tocando para entender, mas
pretendo ser o mais prático e sensível possível, intenso e sensível, essas duas
palavras tem me mobilizado ultimamente e elas vem definindo meu lugar nas
artes, porque se for pra ser superficial eu nem começo.
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