DE CORPO E ARTE (01 - 01) - MARIA, A DAS CORÁS!


Após leituras e releituras, decidi que não irei seguir um roteiro planejado para redigir os textos da série que aqui inicio, como qualquer outra coisa na minha vida, descobri que quanto mais eu tentava alinhar técnicas, mais ia distanciando-me de um fechamento redondo, e para isso existem as mídias especializadas no gênero. Não me pergunte o por quê desse texto seguir ao curso da canção de autoria de Milton Nascimento e Fernando Brant, eu também não saberia explicar em palavras, apenas senti, a música não saiu da cabeça por bastante tempo, e a força que emana da protagonista dela não só representa todos os guerreiros que ilustrarão minha saga durante todos os textos, como define fielmente o amor e a vontade de viver da Maria que vos trago no texto à seguir, que aliás veio bem à calhar como anfitriã dessa temporada que venho desenvolvendo com tanto carinho. Mais uma vez, perdoem-me a falta de normas técnicas, mas quem tem alma de artista não nasceu para o óbvio, afinal de contas quando acreditamos que chegamos ao fim, estamos só começando, e recomeçando, a jornada do artista é essa, sempre percorrendo ciclos, que são acolhidos por outros já finalizados. Você pode acompanhar o trabalho cotidiano de minhas personagens através de suas respectivas redes sociais, que estarei disponibilizando ao fim de todos os textos!

Foto: Keylla Kiss
Maria, Maria
É um dom, uma certa magia,
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta 



Maria nasceu com alma de artista, mas o mundo dizia que artista ela não poderia ser, tornou-se artífice, então. Maria nasceu Silvana, porém se fez Corá, Maria traçou os pontos do crochê no barro e percorrendo as linhas do destino no modelamento da olaria se descobriu Maria Corá. Como tantos outros sonhadores mundo afora, Maria nasceu numa família de poucos recursos, ainda assim, não se permitiu silenciar sua vontade de expressar sua liberdade artística, autodidata, ainda criança, aprendeu a magia dos encontros e desencontros do crochê, Maria era toda feita de arte, mas um parcela gigante dessa arte já mostrava interesse para o universo do empreendedorismo, Maria via nas cores, formas, usos, laços e caminhos do crochê uma possibilidade de negócio, Maria tinha o sonho de cursar Belas Artes, ora, Maria encarou a infância numa década onde a internet era viagem da cabeça de Glória Perez e filha de operário de usina, quando sonhava alto, sonhava em cursar o básico em Contabilidade e Magistério, mas Maria não era de barro, e Maria não se moldava conforme as pressões da sociedade, Maria dormia e acordava pensando em arte e pela arte se fez empreendedora, e através da arte fez do seu projeto de vida um negócio de sucesso. 





Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta.  

Mas não foi da noite pro dia que Maria tornou-se a Maria das “Marias de Corá”, Maria encarou na linha de frente os desatino e os dos porquês do destino, aqueles que surgem no espaço entre o trabalho e o sucesso e nos fazem se perguntar porque as coisas ainda não estão dando certo, pelo movimento excessivo das mãos entre as linhas e a agulha do crochê, Maria debilitou o punho, precisou repousar, mas não podia parar, Maria precisava continuar a viver, Maria precisava continuar sua trajetória em busca de convencer a todos ao seu redor que era possível ser feliz e realizada tendo como centro dessa busca o amor pela arte, então partiu para o barro, e das possibilidades da olaria foi descobrindo outros talentos, aperfeiçoando formas e movimentos, fugindo do básico, se desinteressando  pelo óbvio, e pouco mais de dez anos após essa pesquisa e vivencia diária com a arte da olaria Maria deu vida à sua primeira Corá, e de lá pra cá não parou mais. Nesse estudo incessante, resgatou a renda que tanto lhe deu prazer em tempos passados, daí as Marias de barro passaram a trazer os pontos do crochê em seu figurino e começou um vai e vem de modelos cada dia mais diversificadas, exclusivas, peças simbólicas de uma carga enigmática única, e se tornaram verdadeiras obras de arte, e o que começou como um teste  ousado de preparo do barro, o que deu margem para a pesquisa da tinturaria do barro tornou-se conhecimento próprio,  fruto de pesquisa de uma mente visionária que nunca se limitou a pensar em levar seu produto apenas até a praça da esquina, Maria nasceu pra exportar suas peças para o mundo, Maria sempre soube, mesmo quando não achava importante verbalizar isso, que suas Marias, as Marias da Maria Corá, levariam sua identidade para qualquer canto do universo, desde que nesse lugar alguém soubesse identificar o que é se fazer arte de verdade.


“Criar as minhas Marias é a minha paixão, vê-las saindo do forno com suas cores e suas formas é como ver uma criança nascendo”






Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida

Pensa que parou por aqui, Maria, Silvana, Corá, essa mulher são várias em uma só, tal qual a diversidade de suas peças, ela não pensa em parar, Maria continua estudando, entendendo cada dia mais a importância da articulação nos meios de interesse no que concerne a visibilidade do artista nato, e nas formas que as atuais ofertas de empreendimentos podem seus associadas aos seus negócios, Maria está cada dia mais ciente que quando a gente aceita um ponto como fim é porque não temos mais a acrescentar ao mundo, e Maria tem sede de conquistar o mundo, um pedacinho de cada vez, tal qual faz com suas bonecas, com muita paciência e talento, até chegar na obra finalizada, talvez a gente nunca veja madame dividindo a mesa com uma Maria de nosso dia a dia, mas houveram boatos de que já existem muitas Corás decorando a mesa de madame. Eita, que esse mundo dá voltas, e a artista que um dia foi negligenciada hoje inspira novos artífices para as artes que lhe chamam, que prova, com palavras e atitudes, que quando a gente faz com fé aquilo que se ama, a gente multiplica nossas forças, e a gente acredita tanto no que faz, que atravessa montanhas.
 

*Todas as imagens usadas nessa publicação são de arquivo pessoal da artista aqui mencionada, e foram todas disponibilizadas sob autorização da mesma.

Você pode saber um pouco mais sobre o trabalho de Maria Corá, nos links abaixo:

Site de Notícias



Entrevista para TV




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