De Corpo e Arte - Uma série sobre quem tem a alma toda feita de arte!


Design Artístico de Marco Nunes


“Pelas vielas da vida eu vagava, tentando me encontrar, mais me perdia do que me achava, encontrava abrigo em porões escuros, minhas roupas estavam sempre rasgadas por ratos, moscas varejeiras sobrevoavam a minha cabeça o tempo todo, o que aguçava ainda mais os meus sentidos, e quanto mais eu procurava uma saída, mais perdia a vontade de continuar a caminhada, porque o fim não justificava os meios, e o destino não valia a pena todo aquele sacrifício”. 

Essa frase poderia ser a introdução de um livro qualquer, escondido em uma biblioteca qualquer, encontrado por um leitor qualquer, com noção de interpretação qualquer, mas poderia também ser a introdução de um livro especial, encontrado em uma biblioteca especial, por um leitor especial, e cheio de imaginação, sedento pelo que estava por vir nas próximas páginas. Essa frase faz parte de um capítulo longo da minha vida, a parte em que a mim foi negado o direito de sonhar com arte, de que roubaram de mim o que melhor eu podia entregar para o mundo, a parte em que eu ouvi mais NÃO do que sim quando o assunto de interesse envolvia minha intensidade e sensibilidade artística, essa frase me acompanhou pela infância, depois pela adolescência e por grande parte da minha vida adulta, essa frase define alguém que nasceu com alma feita de arte, mas que o sistema social em que foi inserido se fez anular-se e acreditar que a felicidade e a satisfação pessoal está condicionada em seguir regras acadêmicas e delimitar-se de modo a seguir um padrão pré estabelecido através da análise de uma minoria (talvez) satisfeita com o óbvio, alguém que já nasceu ouvindo que sucesso tem mais a ver com dinheiro do que com paz de espírito e satisfação pessoal, alguém que resolveu romper o pacto com todas essas regras e sair em busca de alinhar seus sentidos, alguém que entende que amor à arte é mais do que apreciar pinturas em exposições, que reconhece que existem pessoas que são movidas à amor e arte, mas é mais arte que amor, é mais amor que arte, que não transpira, transborda, porque mesmo sem ser um poema, é arte da cabeça aos pés.

Dessa busca, brotaram citações, citações humanizadas, inspirações vivenciadas, pessoas que vem me mobilizando desde então, que já me inspiravam antes mesmo de eu imergir nessa pesquisa, sobreviventes que resolveram desafiar as estatísticas e que alternando entre arte terapia e empreendimento com arte, vem conseguindo transferir o bem para o mundo através de sua expressão vocacional, nasce aqui o “de Corpo e Arte”, uma série, sem data de finalização, narrando a trajetória daqueles que nadando contra a corrente do sistema social de nosso país, resolveram pegar a contramão das eventualidades e vem encarando a vida fazendo o que se ama e amando o que se faz, porém, amando acima de tudo fazer arte. Uma série que verbaliza para o mundo minhas impressões pessoais sobre quem vem me inspirando desde que resolvi me abrir para meu verdadeiro universo, uma representação de quem realiza mais que um manifesto, uma série sobre sobreviventes guerreiros, um discurso sobre quem entende que amor à arte está, acima de qualquer coisa, no DNA da alma, de quem sabe as dores e as alegrias de se nascer pura amor à arte. 


Demorei um pouco para colocar a série no mundo, mas existiam coisas que precisavam serem alinhadas desde então, não que eu me sinta pronto pra começar, a gente nunca se sente, e depois de dois meses após a primeira entrevista, dou prosseguimento às ações desse projeto, que talvez não signifique muito para você, mas que representa a ressignificação de uma vida pra mim, nem sempre eu conseguirei transferir toda a magistralidade desses artistas para o texto, existem coisas que só tocando para entender, mas pretendo ser o mais prático e sensível possível, intenso e sensível, essas duas palavras tem me mobilizado ultimamente e elas vem definindo meu lugar nas artes, porque se for pra ser superficial eu nem começo.

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